Preservação histórica e cultural no método do sapeco manual
- Historia da Erva-mate
- 30 de abr.
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O CEDErva (Centro de Desenvolvimento e Educação dos Sistemas Tradicionais de Erva-mate) acompanhou uma visita, no Sul e Centro-Sul do Paraná, do comitê científico da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). Nela, Norma Ruz Varas conheceu os sistemas tradicionais e agroecológicos de Erva-mate. Dentre eles, a demonstração do método de sapeco, ainda preservado em São Mateus do Sul.
Foi a última etapa de avaliação da FAO para reconhecer a produção de Erva-mate sombreada "como um Sistema Importante do Patrimônio Agrícola Mundial (SIPAM)". A comitiva esteve em propriedades nos municípios de Rebouças, Inácio Martins, Irati, São João do Triunfo e São Mateus do Sul. Se reuniu com lideranças comunitárias, comunidades faxinalenses, indígenas, sindicatos de trabalhadores rurais, pesquisadores e agricultores e autoridades.
No Faxinal do Emboque, em São Mateus do Sul, a família Wenglarek fez "uma demonstração especial do sapeco da Erva-mate - prática histórica que remete aos modos tradicionais de manejo da pequena agricultura familiar", detalha o CEDErva. "O sapeco consistia em expor rapidamente as folhas da erva-mate ao calor do fogo direto, provocando a abertura dos estômatos e facilitando a perda da umidade antes da secagem", acrescenta.
Além de preservar a cor verde e realçar o aroma, o método permitia ampliar a durabilidade para o consumo ou transporte. O sapeco foi sendo substituído com o passar do tempo e avanço industrial, passando do manual para a substituição pelo barbaquá. Segundo publicou a entidade, "um sistema de secagem indireta, que usa o calor da fumaça controlada". Depois "por equipamentos industriais que aceleram a secagem em larga escala, padronizando o produto para atender ao mercado".
A demonstração para para FAO serve para fortalecer essa relação histórica e cultural. "No entanto, ao apresentar o sapeco, buscamos resgatar e valorizar esse saber tradicional, que expressa o vínculo das comunidades com a floresta e o profundo conhecimento transmitido entre gerações. Práticas como essa mantêm viva a cultura da erva-mate sombreada em sistemas biodiversos, respeitando o ciclo da natureza e a lógica da agricultura familiar!"
"O senhor Paulo compartilhou não apenas o processo artesanal de colheita e sapeco - que inclui passar os galhos de Erva-mate na fogueira, separá-los em feixes e levá-los ao cancheador rústico da propriedade -, mas também relatou o processo histórico de constituição do Faxinal", detalhou a entidade ao cita a demonstração na propriedade da família Wenglarek.
Paulo e esposa Olga "destacaram a luta e a organização da comunidade para garantir o reconhecimento e a preservação desse modo de vida, culminando na conquista da ARESUR (Área de Referência para Sistemas de Uso dos Recursos), um marco importante para a valorização e sustentabilidade do sistema Faxinal", de acordo com a publicação.
Com informações e imagens via CEDErva.
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