Da cuia para receber visitas ao ato de proteção ao meio natural
- Historia da Erva-mate
- há 4 dias
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A Erva-mate está num processo de finalização do seu reconhecimento como Sistemas Importantes para o Patrimônio Agrícola Mundial (Sipam) no Sul e Centro-Sul do Paraná. A iniciativa é coordenada pelo Centro de Desenvolvimento e Educação dos Sistemas Tradicionais de Erva-mate (CEDErva) junto à Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO).
O objetivo geral do programa Sipam "é identificar e salvaguardar sistemas agrícolas relevantes juntamente com suas paisagens, a agrobiodiversidade e as culturas e conhecimentos associados". Uma publicação da Embrapa Florestas, de outubro de 2022, traz um contexto peculiar dessa região paranaense, o hábito de receber visitas em casa e estar com uma cuia e chaleira na mão para rodar um mate, enquanto se hospeda o visitante.
Evelyn Roberta Nimmo e outros oito autores atuaram na pesquisa sobre "Erva-mate sombreada: Sipam “Sistemas tradicionais e agroecológicos de Erva-mate na Floresta com Araucária, Brasil.” E traz, dentre os seus diversos pontos, a simbologia do ato de consumir chimarrão. Regionalmente, o Sul e Centro-Sul do Paraná teve a sua formação populacional sustentada por imigrantes europeus, a partir das últimas décadas do século XIX.
Os pesquisadores destacam justamente essa postura de receber um visitante com um cuia com Erva-mate e chaleira de água quente para iniciar a 'prosa'. Além disso, o componente principal vem, muitas vezes, da Ilex paraguariensis colhida e processada dentro da propriedade. Sendo essa postura "uma prática cultural reconhecida como símbolo de hospitalidade e amizade", de acordo com a publicação da Embrapa Florestas.
A relação com o meio ambiente em si permite a construção da própria subjetividade do proprietário. "Vai além de identificar a floresta e os sistemas tradicionais como aspecto importante de suas vidas, na verdade são partes integrantes da sobrevivência de seus modos de ser e estar no planeta. Assim, as ameaças atentam contra a sua própria existência", cita a pesquisa sobre esse cenário em meio às florestas com Araucária.
Obviamente que há um entendimento de os imigrantes terem absorvido esse conhecimento de cuidar dos ervais de práticas indígenas, mantendo esse processo por meio do acúmulo de informações e da própria relação de vida com a floresta. Presentes, justamente, na região onde mais se preservou do ambiente natural, permitindo a colheita de Erva-mate sombreada em meio às demais árvores nativas e perpetuando a cultura tradicional.
Com informações e imagem Embrapa/CEDErva.
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